Ontem a tristeza era tanta que não só invadia como parecia cortar minha alma ,e era como se eu sentisse nitidamente os cortes,as pontadas...a dor era tanta que parecia que jamais acabaria.
Olhei a chuva caindo no afasto, olhei por um bom tempo e enquanto isso eu não sei o que ele fazia; se observava também a façanha da chuva ou tentava enxergar simplesmente o meu olhar. Percebi que é bem certo o que li uma vez: ”Pior que o silêncio que cala é o silêncio que fala” e o silêncio que fazíamos não só falava mas parecia gritar bem alto. Antes dele, muitas palavras imprecisas foram atiradas, disparadas,sem precisar de nenhuma razão,era aquele esquema de dizer por dizer,como se aquilo fosse o único meio de libertação que encontramos naquele instante.
O estranho é que era uma libertação aprisionadora e por mais contraditório que possa parecer, muitas vezes essas duas coisas andam juntas.E foi exatamente pelo exagero e peso das palavras proclamadas que foi-se necessário que o silêncio viesse.
Olhava a chuva e tinha certeza que a peripécia dela naquele instante era diferenciada,se eu estive num dia feliz, eu compararia a uma dança,pois as gotas pareciam cair muito animadas,não ritmadas ,mas que havia ânimo era inquestionável.Mas como não era um dia feliz,como eu não estava nada bem,a única coisa que quis ver naquele amontoado de gotas tocando o asfalto foi uma bagunça generalizada.E também tinha o vento,ele levava as gotas para onde quisesse levar e também ele não estava ordenado,parecia simplesmente que queria se livrar delas,cada hora vindo em uma direção e atirando as gotas d’águas a cada instante para um lado,parecia que elas estavam o incomodando terrivelmente. Que sabe?Talvez estivessem...
A tensão foi tanta que até meu coração permanecu calado,parecia que estava mudo e caso não estivese,estava falando demasiadamente baixo pois até ele preferiu não opinar.
E depois de tudo fomos embora abraçados, só havia uma sombrinha para ambos e mesmo que o fim tivesse sido decretado,eu volto a dizer que fomos embora abraçados.Foi uma das noites mais tristes e dolorosas de toda minha vida.
Quando o fim é dado por ausência de sentimento é justificável , mas quando este é dado por incompatibilidade temporal e infantilidade mútua é quase que inaceitável.
E ainda estamos separados... mas a raiva passou,(sempre passa), a saudade apertou(sempre aperta).Nos vimos,conversamos,esclarecemos coisas que ontem foram ditas aos berros e que provavelmente não foram devidamente ouvidas e absorvidas e se foram ao menos escutadas certamente foram mal interpretadas.
Certamente precisamos de um tempo para colocar nossas cabeças no lugar,porque o coração a gente já sabe ao menos com quem está e mesmo que muitos digam que dar tempo é bobagem ,eu sou daquelas que pensam que insistir no erro só faz com que ele se agrave mais e mais.Então é este nosso momento de pontuar as falhas,de rever conceitos, de pautar objetivos juntos e separados e analisar cautelosamente se o que queremos para nossas vidas é compatível e está interligado.É chegada a hora de perguntarmos ao Srº Supremo,no qual nós dois acreditamos, se os nossos caminhos seguirão ou não lado a lado. É para isso que estamos separados ,para evitar novamente errar .E sim, nos falaremos todos os dias se preciso for,talvez acabaremos nos falando bem mais do que quando estávamos namorando,trocaremos mensagens e diremos um para o outro caso sintamos saudade.
No nosso caso não foi o amor que acabou, nem tão pouco o compromisso. Mas precisamos resgatar o carinho, o respeito e a dignidade que ainda existem mas que se acomodaram e quando elas estiverem prontas a entrarem novamente em ação,creio que nós também estaremos preparados.
Hoje já escuto novamente meu coração a tagarelar,acho que ele percebeu que já demos espaço a ele para que ele possa novamente opinar e é por ordem dele que vou confessar:
É válido ressaltar : se eu não tivesse estado com você hoje meu dia não teria tido a menor graça. E meu desejo maior é que não fiquemos juntos por dependência ou conveniência mas porque percebemos que de fato ,nosso lugar não é separado, e sim lado a lado.
Raisa Ribeiro
“Ps: Eu te amo”



